quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Jornada 1

Edição sem fronteiras - Diálogos entre Espanha, Brasil e América Latina

Data: 26 de agosto, terça-feira, 9h
Local: Auditório Freitas Nobre, Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA-USP
Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária – São Paulo – SP
Convidados: Célia Cristina de Figueiredo Cassiano, Sergio Molina e Andreia Moroni
Mediação: Profa. Dra. Samira Youssef Campedelli (ECA-USP)

RESUMO: A convergência tecnológica e a globalização tornam mais fluidas as fronteiras econômicas e culturais entre os países. No âmbito da edição, os países da América Latina (incluindo o Brasil) têm travado relações importantes com a Espanha. A atuação de editoras espanholas no continente, por exemplo, altera substancialmente os mercados locais e a atuação dos profissionais de editoração. O objetivo do encontro é estimular a troca de idéias e o debate sobre essas questões.

Editores espanhóis na América Latina e os programas estatais de livros didáticos
A apresentação delineia como se configurou, no final do século XX e início do século XXI, um espaço iberoamericano do livro e em que instâncias desigualmente posicionadas se relacionam, dado que o protagonismo é exercido pelos editores espanhóis, que dominam, entre outros segmentos, o dos livros didáticos. No Brasil, o Programa Nacional de Livro Didático (PNLD) é uma opção de política pública que, desde a última década do séc. XX, faz do governo o maior comprador de livros do país. Esse tipo de política, que privilegia o investimento em manuais escolares, extrapola a questão nacional, na medida em que vários países da América Latina e do Caribe adotam programas similares que, em sua grande maioria, têm financiamento do Banco Mundial e do BID. Assim, buscamos refletir como essas tensões reconfiguram os espaços nacionais latino-americanos da cultura e da educação, apresentando novas questões para os países da região.

Célia Cristina de Figueiredo Cassiano é mestre e doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Tem especialização em Teoria e Técnicas da Comunicação pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e graduação em Língua e Literatura Portuguesa pela PUC-SP. Atualmente é professora da Uninove (nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda) e diretora de escola da rede municipal de ensino. Atua também com formação de professores. Tem experiência na área de Educação e Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: mercado editorial brasileiro, livro didático, políticas públicas e história da educação.


Tradutores, editores e direitos autorais: rumos e impasses
Aproveitando as discussões em curso acerca dos direitos autorais sobre traduções literárias, suscitada sobretudo por alguns litígios recentemente divulgados pela imprensa, e os mais de vinte anos de experiência editorial, primeiro como tradutor e mais tarde como editor, o debatedor apresentará alguns tópicos de reflexão sobre os rumos e impasses nesse campo. Buscará problematizar os conflitos sem cair em esquemas fáceis e traçará alguns paralelos com a questão na Espanha, onde acordos coletivos celebrados há cerca de dez anos assentaram as bases para uma transformação das relações entre editores e tradutores.

Sérgio Molina é tradutor autodidata, em atividade profissional desde 1986. Verteu cerca de cinqüenta títulos do castelhano ao português brasileiro, sobretudo prosa narrativa espanhola e hispano-americana. Entre eles se destacam textos de Jorge Luis Borges, Roberto Arlt, Alejo Carpentier, Ricardo Piglia, Mario Vargas Llosa, Ernesto Sabato, além de D. Quixote, cuja tradução lhe rendeu o prêmio Jabuti 2004 (menção honrosa). Atualmente conjuga a atividade de tradução à de edição, na Editora 34.


O mercado editorial brasileiro no contexto iberoamericano
A partir da experiência de Virei a Página Agencia Literária e Assessoria Editorial, sediada em Barcelona, Espanha, serão apresentados os principais dados relativos ao mercado editorial iberoamericano (Portugal, Espanha e América Latina). Serão abordados a quantidade de títulos produzidos e de exemplares, a evolução anual, os principais segmentos editoriais, a quantidade de títulos brasileiros traduzidos e a produção da Espanha em relação aos demais países de língua espanhola, contextualizando o mercado brasileiro e as perspectivas de nossos autores no mercado espanhol. Os dados apresentados são dos estudos realizados pelo Centro Regional para el Fomento del Libro en América Latina y el Caribe (Cerlalc), pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Instituto Nacional de Estatísticas da Espanha.

Andreia Moroni é graduada em Comunicação Social-Editoração pela Universidade de São Paulo e tem mestrado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha. Foi bolsista do programa Alban entre 2004 e 2008 e estuda os processos de edição e publicação da literatura íntima, particularmente dos diários. Mora em Barcelona há quatro anos, onde fundou a Virei a Página Agência Literária e Assessoria Editorial (www.vireiapagina.com). Desde 2006, divulga o trabalho de autores brasileiros no mercado europeu e de língua espanhola e assessora editores a consolidar seus negócios no Brasil e na Espanha.