quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Jornada 2

Quem mexeu no meu texto? Diálogos entre a pesquisa e as práticas profissionais de edição de texto

Data: 24 de setembro, quarta-feira, 19h30
Local: Auditório Lupe Cotrim, Escola de Comunicações e Artes-USP
Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária – São Paulo – SP
Convidados: Luciana Salazar Salgado, Cristina Yamazaki, José de Souza Muniz Jr.
Mediação: Profa. Dra. Marília Pacheco Fiorillo (ECA-USP)

RESUMO: As etapas de intervenção textual (preparação, edição, revisão etc.) são fundamentais na publicação de produtos editoriais em geral. No entanto, essas práticas ainda contam com uma incipiente bibliografia de referência. Este encontro visa apresentar pesquisas (realizadas e em andamento) sobre a questão. Os debatedores articulam suas experiências profissionais e suas pesquisas para refletir sobre o papel do editor de texto, os problemas da profissão e as perspectivas de atuação.

O autor e seu texto ou o texto e seu autor?
A autoria, tema crucial em muitos campos, será abordada aqui a partir de inquietações que conduzem à figura de autor, como se ela viesse à baila porque o que é posto à luz, antes de mais nada, é um lugar de "alteridade explícita", que só se constitui na relação com um outro que é sempre um autor. Refiro-me ao lugar do profissional que dá tratamento a textos que serão publicados. Para pensar em termos de lugares, isto é, em termos de identidades sociais firmadas historicamente e manifestadas em práticas que se reiteram, procurando legitimar-se, tratarei da figura do autor no seu feixe de relações entre práticas editoriais que a identificam e outras, correlatas – o que significa dizer que tratarei da figura de autor discursivamente, nos termos da AD, examinando o que chamei de ritos genéticos editoriais.

Luciana Salgado é mestre em Linguagem e Ciência pela FE-USP e doutora em Lingüística pelo IEL-Unicamp. Tem especialização em Comunicação de Marketing pela ESPM-SP e há dez anos faz parte do núcleo Confraria de Textos, que oferece assessoria editorial a projetos variados, especialmente coletivos. Faz parte do grupo de estudos QTAAD – Questões de Teoria e Análise em AD (sediado no IEL-Unicamp) e do grupo interdisciplinar "O estranho familiar na literatura e em outras manifestações culturais” (sediado no Mackenzie-SP), nos quais desenvolve pesquisa sobre a produção literária de autores editorialmente desconhecidos.


A avaliação da legibilidade como instrumento na edição de textos: pesquisas em universidades estrangeiras
As pesquisas brasileiras sobre edição, preparação e revisão de textos são raras e o tema ainda não se consolidou no campo interdisciplinar dos estudos do livro. O debate sobre os princípios do conceito de legibilidade pode oferecer alguns instrumentos para a avaliação e para as intervenções do editor, contribuindo tanto para os estudos sobre edição de texto como para a prática editorial. Serão apresentados alguns estudos realizados de forma sistemática em universidades estrangeiras, em especial no Canadá.

Cristina Yamazaki é graduada no curso de Comunicação Social com habilitação em Editoração pela Universidade de São Paulo e mestranda em Ciências da Comunicação na mesma instituição. Trabalha há mais de dez anos como editora de texto e prestadora de serviços editoriais, para empresas como Companhia das Letras, Ática, Cosac Naify e Moderna, entre outras. É sócia da Todotipo Editorial.


Editar textos, mobilizar discursos: algumas condições de produção
Parte-se da idéia de que as atividades de intervenção textual são, ao mesmo tempo, atividades industriosas e atividades discursivas. Com isso, serão apresentados alguns fenômenos da indústria editorial contemporânea que nos permitem entender o trabalho de edição de texto a partir de suas condições concretas de existência. As fusões e aquisições entre editoras e a reestruturação produtiva fornecem o pano de fundo para a compreensão dos atores, das estratégias de poder e dos conflitos inerentes ao trabalho de quem edita, prepara e revisa textos nas (ou para as) empresas publicadoras.

José de Souza Muniz Jr. é graduado em Comunicação Social-Editoração pela Universidade de São Paulo e mestrando em Ciências da Comunicação na mesma instituição. É membro do Grupo de Pesquisa Comunicação e Trabalho. Tem como objeto de pesquisa atual os profissionais de intervenção textual nas empresas editoriais e jornalísticas de São Paulo. Além de pesquisador, é preparador e revisor autônomo.