quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Jornada 3

Interfaces da pesquisa em Editoração: educação, literatura e construção da cidadania

Data: 20 de outubro de 2008, 19h30
Local: Auditório Paulo Emílio, Escola de Comunicações e Artes-USP
Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária – São Paulo – SP
Convidados: Lívio Lima de Oliveira, Adriana Gabriel Cerello e Cintia Shukusawa Kanashiro
Mediação: Profa. Dra. Alice Mitika Koshiyama (CJE-ECA-USP)

RESUMO: O debate põe em relevo a pesquisa acadêmica em Editoração e seu caráter interdisciplinar. Os convidados apresentarão seus trabalhos de pós-graduação recém-defendidos, com o objetivo de discutir a relevância política e histórica do livro. Também serão abordados os processos de produção, circulação e uso dos produtos editoriais, e a importância dessas etapas para a educação, a literatura e a cidadania dentro do contexto brasileiro.

Indústria editorial e governo federal: o caso do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e suas seis primeiras edições
O trabalho analisou os complexos processos de seleção, avaliação e execução nas seis primeiras edições do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), no qual se entrelaçam como atores principais a Secretaria de Educação de Infantil e Fundamental (SEB) do Ministério da Educação (MEC), o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e parcelas da indústria editorial brasileira. A metodologia utilizada envolveu um exame detalhado de documentos oficiais, a comparação entre eles e o cotejamento com falas oficiais, a coleta e a apreciação de literatura convergente com o tema provenientes do campo acadêmico, de áreas técnicas de editoração e de setores da indústria editorial. O estudo proposto se justifica, entre outras ações, por tentar desvendar elementos que permitam analisar o uso do dinheiro público, uma vez que a verba para esse programa foi aumentando de edição a edição (de 23,5 milhões em 1998 a mais de 110 milhões em 2003), além de ampliar o campo do conhecimento na área, considerando, sobretudo, a da indústria editorial brasileira e suas relações com o governo federal, seu principal cliente.

Lívio Lima de Oliveira é graduado em Produção Editorial pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1997), com mestrado (2002) e doutorado (2008) em Ciências da Comunicação pela mesma instituição. Além de produtor e editor de livros, é professor adjunto da Faenac/Anhanguera (cursos de Produção Editorial, Letras e Publicidade e Propaganda).


Livro didático de Geografia: PNLD, materialidade e uso na sala de aula
O trabalho analisou práticas e representações de agentes e atores situados na cadeia do livro: MEC, por meio do estudo da avaliação do Guia do Livro Didático; indústria editorial, por meio da abordagem da materialidade do livro; e professores e alunos, por meio do estudo do uso do livro na sala de aula. Para analisar essas práticas e representações de atores do circuito do livro, elegeu-se um estudo de caso: o PNLD 2004 de Geografia, que teve o livro didático Trança criança (FTD) como o mais bem avaliado. Baseando-se em estudos de Chervel e Chevallard, este trabalho mostrou as diferenças de concepção de "disciplina escolar" para os avaliadores do MEC e para os agentes escolares, concluindo que a política de livros necessita ser dialógica, entre avaliadores e escolas, e não monológica.

Cintia Shukusawa Kanashiro é graduada em Produção Editorial pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1997), com mestrado em Ciência da Comunicação pela mesma instituição (2008). Tem experiência nas áreas de Comunicação e de Educação, como editora de livros. Produtora e editora, também é pesquisadora na área de edição de livros didáticos e educação.


O livro nos textos jesuíticos do século XVI: edição, produção e circulação de livros nas cartas dos jesuítas na América Portuguesa (1549-1563)
A partir da obra Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, organizada por Serafim Leite, a dissertação buscou estudar alguns aspectos do processo de produção livresca do século XVI, em particular as condições de redação, a edição e circulação dos manuscritos dentro e fora do ambiente da Igreja Católica e a divulgação, distribuição e comercialização na Metrópole e na Colônia. A partir da observação de um momento histórico em que a maneira de ler, escrever e difundir os textos sofreu mudanças profundas, pretende-se reconstruir parte da história da cultura material do livro no século XVI.

Adriana Gabriel Cerello é graduada em Produção Editorial pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1998), com mestrado em Literatura Brasileira pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma instituição (2007). É produtora e editora de livros.